Monday, August 27, 2012

As Marias Antonietas concursadas

  Em um quadro geral, quem usa prestar concurso público para cargos da alta admnistração e quejandos (vulgo "sangue-azul")nessa jostra o faz, digo isso sem pestanejar, tendo em vista o vil metal solamente.Não que o ócio remunerado, a estabilidade mesmo em meio a "famine starvation" e a chance de humilhar os reles mortais não entrem também como razoável estímulo para tal decisão.O fato é que, funcinário público quer dinheiro: o meu, o seu, o do Seu Manoel que acorda as 3 da manhã para tocar sua padaria e até o do flanelinha da esquina- pois esse também tem que comer, e se ele compra uma coxinha fria no bar da esquina também está financiando, via imposto de consumo, a aristocracia barnabé.
  Engraçado são as reações ,nas caixas de comentários e grupos de discução, das vestais ofendidas pelo grito da criança de que o(s) rei(s) vai(vão) nu(s).Tipicamente segue o roteiro do bom canalha intelectual, começam por uma autoavalição em que seus méritos e qualidades empalidecem gênios, santos e heróis- colocam a aprovação numa prova de concurso num patamar intelectual que os distancia anos-luz de Aristóteles, Leibnitz e Einsteis ...somados, afirmam com tanta ênfase seu empenho e abnegação que jogam no inferno da desídia e da preguiça Gandhi e São Francisco.Tudo isso para concluirem que o que recebem é pouco, diria mesmo mínimo, infinitesimal, subatômico, frente ao bem que fazem a sociedade.
  Segunda fase- contestados por fatos que mostram ululantemente que engenheiros, médicos, enfermeiros, policiais, professores, etc, estudam anos a fio, muitos disputam seleções dificílimas e passam por estágios quase humilhantes na iniciativa privada, fazem um bem maior e tão mais essencial a sociedade e receberm uma fração ridícula do que ganha a neonobreza...Ah,aí as Jaciras rodopiam e tem um troço, passam a chamar os outros contendores de burros, ignorantes, de não terem capacidade intelectual para ser um...pausa para ouvir o som das esferas celestiais e os coros angelicais..."concursado" (mais um pouco fazem como o Povo do Livro e evitam falar a palavra como um todo para não ferir sua sacralidade, tal qual El''). Não passa pela cabeça de nossos senhores, grandes khans, que talvaz a maioria das pessoas não se sinta bem em passar a vida "despachando", "carimbando", "fiscalizando", "garantindo" em troca de um salário de nababo. Tampouco é como muitos invocam, inveja por esse mesmo salário.Não Sua Barnabência, o que não queremos é pagar a duplicação do seu salário com os nossos impostos.
  Terceira fase- o justificar do salário nababesco pelo uso do famoso "daí vocês vão ver a qualidade piorar"- bom, como estou tratando da Marias Antonietas não vou entrar no mérito de carreiras públicas não tão bem remuneradas como as do Versailles federal, mas fico pensando como setores tais quais educação e saúde poderiam ter seus serviços piorados- minha imaginação não vai a tanto.Mas eu imagino a Receita Federal melhorando seu serviço- vão passar a instalar paus-de-arara nos postos regionais e fazer toque retal para ver se tem trocado escondido do fisco- se aumentar a rapina vamos ter que começar a pagar com serviços sexuais. No caso das polícias federais, uma diminuição da salário seria até benéfica para a redução dos vários tráficos, já que aumentaria substancialmente o valor das propinas nas fronteiras e estradas, levando a um custo maior o negócio dos traficantes que poderiam optar por mercados mais baratos.
  Quarta fase- aí vem o brado paradigmático, arquetípico, fundacional da mentalidade barnabé: "Você sabe com quem você está falando?". Ao que sempre fico tentando responder que minha capacidade de ler a mente anda meio enferrujada e que não sou leitor assíduo de "Caras".Em se tratando desses heróis anônimos da burocracia todo cuidado é pouco para não escarificar sua autoestima inflada, pois quando o balão estoura a saraivada de impropérios e calão de cais do porto imperam. Um tipo então, presumidamente fiscal da receita se vangloriava de ter levado inúmeros empresários à falência, ficamos sem saber se em virtude da gravidade da infração e do rigor da legislação ou da falta de acordo quanto ao umedecimento das mão, e ameaçava com a malha fina os hereges contestadores da reposição salarial.
   Mas aí você esfrega no pincenez do lorde as estatísticas internacionais que mostram que um policial federal ganha, mesmo absolutamente (já nem falo proporcinalmente ao PIB ou IDH) mais que um agente do FBI. Isso leva nossos vetustos amigos a sofrerem a encarnação do espírito de Carminha e quererem te enterrar vivo.Isto porque sabem que são o que são: -uma classe que existe em função de sua perpetuação, na qual o pressuposto de aumentar infinitamente o Estado não tem nada a ver com a melhoria do atendimento da população e tampouco com planejamentos estratégicos para o fortalecimento da nação, tem apenas a ver com o aumento do poder de pressão sobre os poderes constituídos e de opressão sobre a populaça. E se a mesma trabalha 60% do ano para pagar impostos e tem um porco retorno desses mesmos ,ora, que comam brioches!  

Wednesday, August 15, 2012

O consolo da filosofia

O homem pode deixar corromper-se de múltiplas formas: pelo dinheiro, pelo vício, pela lisonja, pela inércia, pelo clima, pela coletividade, pela estupidez, pelo egoísmo, etc. Algumas destes fatores são redundantes, eu sei. Muitas vezes operam até em conjunto - 1,2,3 até4 ! -, sem dúvida. Mas dois suplantam e imperam sobre todos os outros, como aqueles que mais vítimas humanas têm causado: o Poder e o Medo.
São implacáveis e inesgotáveis, difícil, senão quase sobreumano, é resistir-lhes. Ainda mais porque operam em equipe, caçam em conjunto - àqueles a quem não corrompe o Poder, quase sempre corrompe o medo; e se a uns domina a soberba e a impiedade, a outros, geralmente tributários daqueles, subjuga a covardia, a pulsilanimidade e o servilismo. Escravos, todavia, são eles todos... Por uma razão muito simples e suficiente: nenhum deles é senhor de si. De tal modo que uma lei universal e sinistra se vem perpetuando, através dos povos e séculos: quando maior o Medo, maior o Poder; e quanto maior o Poder, maior o Medo. Há quem diga que ambos, medo e Poder, não passam de duas faces horrendas do mesmo monstro. É possível. Aprendi na vida que se nesta há algo que a valha, talvez se resuma numa palavra: resistência. Resistência a todos os tipos de corrupção (sabendo nós antecipadamente que a nossa própria natureza é falha, nos retira o ànimo e embosca a vontade ,que por sua vez é uma forma garantida de corrupção), mas sobretudo ao Poder e ao Medo. Pois morrer, todos vamos; mas morrer inteiros, só mesmo alguns... raríssimos!.
Essa raridade exemplar é mesmo uma constante e uma certeza históricas. Que eu consiga vislumbrar, à parte Jesus Cristo que pertence a outra dimensão, ocorre-me, na Antiguidade, Diógenes. Há um episódio paradigmático: convocado por um qualquer general de Alexandre, Diógenes ignorou impávido colosso a ordem. Enfurecido, o general reforçou a ordem com uma severa ameaça: ou Diógenes comparecia perante ele, ou ele, general, matava-o (caindo no nosso famoso :"manda quem pode, obedece quem tem juízo") .Mas a noção de juízo de Diógenes não era tão comezinha. Resposta do filósofo ao ordenança: "diz-lhe que não vou. nem irei nunca. E matar-me não é grande proeza nem nada que me tire o sono: qualquer escorpião consegue fazer isso."
Me recordo ainda de uma cena do grande filme "Dr.Jivago", onde no princípio da revolução bolchevique os ditos comissários "do povo" começavam a embarcar como gado a população em vagões de trens para algum lugar não sabido, e a populaça, em número infinitamente maior que os poucos guardas armados lá ia rumo ao abatedouro, cabisbaixos, enfim bovinos, mas num canto do vagão está um anarquista, arrebentado, espancado, pois sofrera as carícias da revolução previamente.Este levanta os braços presos por grossas correntes e grita desafiador para os demais: - "Só eu sou verdadeiramente livre nesse vagão". Não o corrompeu o Poder, como nunca o corrompeu o Medo.A batalha mais difícil nunca é aquela que espera o guerreiro no campo; mas a que espera o vencedor dessa batalha. Quantas vezes ganhar o mundo não é perder a alma?...
A se pensar no momento espúrio que vivemos .

Parem o trem que eu vou pular

Dá-me engulhos meus conterrâneos e minh'alma se envergonha deles, por eles e de minha porca inação.Indignado sou, estou, brado indininação, cago-a diuturnamente, pour quoi? Pour se sentir un imbécile? No meu entorno os indignados se esfalham no gogó mas se recusam a olhar um palmo a mais além do alcance de seus perdigotos igualmente indignados. Se apenas votassem em bandidos, vá bene, mas não, trabalham para bandidos, compram de bandidos, vendem para bandidos, garantem audiência televisiva para bandidos, dão dizimo para bandidos...e o pior de tudo, são educados e tem respeitinho para com bandidos.Que tenham medo de levar processo até se entende - aqui a rábulização da existência ainda vai fazer "1984" parecer uma distopia agradável, mas mostrar respeito por gente vagabunda, sanguessuga, prepotente, vil, idiota, inculta, meramente por travestirem-se de "otoridades", "especialistas", "estudiosos", "pensadores" é se posicionar totalmente rente ao chão, e de barriguinha ao céu para melhor lamber a sola dos sapatos que vos esmagarão.Só se rasteja para se chegar silenciosamente a retaguarda do inimigo e cortar sua garganta, qualquer outro uso dessa locomoção moral é imitar os vermes, mas estes ainda tem a desculpa de não ter opção.

Questiones

Mui me intriga a história da humanidade.Pois tal qual vivem a guinchar os liberais que o mercado é a solução para todos os males (existentes, hipotéticos e porque não oníricos) da nossa porca existência, fico a matutar como as infindáveis gerações que precederam a encarnação deste novo verbo puderam sobreviver sem esse insubstituível maná.Como puderam os chineses levantar sua muralha que pode ser vista do espaço sem buscar investidores de risco, como as catedrais góticas subiram ao mais sublime da arquitetura sem o aporte de hedge funds, como nossos antepassados conseguiram singrar todos os oceanos desbravando meio mundo conhecido sem antes verificarem a oscilação das commoditties.Questiones, questiones....

Viva la isla bonita...

http://www.commentarymagazine.com/2012/07/08/sicko-revisited-castrocare-cholera-cuba/

"The people of Cuba can’t get proper treatment because they are being penalized for the worst precondition going: Communism. The same pre-condition has prevented them from even speaking of their misery: “a hospital employee reported that doctors are signing death certificates saying that the victims died from ‘acute respiratory insufficiency’ rather than cholera.”

  A epidemiologia bolivariana emerge para o assombro da ciência contemporânea. 
  Depois da genética de Lysenko ter contribuido para que no início do século alguns milhões encontrassem um mundo melhor- ah, mas lançam-me à fuça que esses morreram de fome pelas sucessivas quebras de safra decorrentes da aplicação do método sancionado pelo paizinho Koba! Ó raios, não sabeis ler? Este escriba colocou lá...um mundo melhor...por suposto que ao encerrar um processo de inanição só se pode estar melhor, e isso independe da crença no além-túmulo, pois como diria Tiririca, pior não fica!Bom, mas dizia eu, para o assombro do mundo, a Latrinoamérica não admite ser deixada para trás (salvo uma porção do continente, em raras ocasiões e em rankings desimportantes, como os testes PISA para avaliação educacional, coisa besta que sequer arranha a magnanimidade da obra).Eis que dessa ínsula Atlântida caribenha, depositária das magnas esperanças em futuros radiantes, desponta mais uma revolução, a da estatística.
  Dizia Mark twain :«Há três espécies de mentiras: as mentiras, as mentiras sagradas e as estatísticas.». Gajo desinformado. Esqueceu pois da mentira galvanizada pelo divino, aquela que tal qual o Cordeiro "é por nós, para nós e para o perdão de nossos pecados", a mentira REVOLUCIONÁRIA,que de acordo com o Dicionário Emir Sader de Conceitos Bizarros, não é uma mentira, mas uma "pequena" distorção de um fato em benefício de um Bem maior (se encaixa em conceitos similares que abrem mão de filigranas semânticas burguesas: ação criminosa = erro, bandido = aloprado, compra de parlamentares = recursos não-contabilizados,etc.).
  Mas me surpreende e até encanta a parcimônia dos doutores cubanos, fosse cá no burgo "nunca dantes nestepaiz...." e tascariam na "causa mortis" hipervitaminose ou quiçá obesidade mórbida, pois é mister realçar a ascensão da classe F, e porque não da G, H,etc, aos patamares de vida escandinavos (pois os impostos, lépidos e fagueiros que são, já lá chegaram ).E se é difícil equalizar nossas estatísticas com as hiperbóreas enquanto o coração da patuléia ainda bate, saiba que filho teu não foge à luta, é só a Sociedade Civil Organizada (aka Partido,Cosa Nostra) mandar que a gente pega a bala perdida, o índiozinho com kwashiorkor (e se chegar a idade adulta, o alcoolismo ou a incineração urbana com o similar espírito), a infecção hospitalar, as epidemias ressurgentes, a gente pega e tasca no atestado de óbito:"Suicídio por depressão tediosa".Se precisar acrescenta no PhotoShop um sol da meia-noite e uma aurora austral para maior credibilidade.

God save the Queen

Brevemente, num Serviço Nacional de Saúde falido perto de si: Hospitals ‘letting patients die to save money’
Hospitals may be depriving elderly patients of food and drink to hasten their deaths as part of cost-cutting measures to free up bed space, leading doctors warn.
  Ah, a Pérfida Albion! O SUS anglo-saxônico pondo em prática  o "cost management" do liberalismo engravatado. Mais treinamento da barnabézada com consultores privados em workshops (e termos quejandos) eis que chegaremos ao "Home cutting Care", onde equipes multidisciplinares munidas de travesseiros, sacos plásticos (copyright Capitão Nascimento) e serigas com ar virão a tornar o sistema de saúde menos sobrecarregado.

PS: me questionam qual a necessidade de equipes multidisciplinares. Ora pois, respondo com a anedota da barbearia portuguesa "Três irmãos". - Mas  por que esse nome se só um é barbeiro!Ah estulto, pois não entendeis: -Dois seguram e um corta!Bom agora é só usar aquela faculdade correlativa. 

Ufanismo

Porque Abel não morreu com a traulitada que Caim desferiu em seu côco, resistente que sói, veio mancando e babando para estas paragens e na falta de algo melhor que fazer embuchou uma mono-carvoeira. Da cruza de um retardado com um símio tivemos Luzia de Lagoa Santa, a primeira brasileira, que por partenogênese gerou toda uma prole de Ile-aiês, que faziam migrações sazonais para se reproduzirem ao som de batuque no terreiro de Mãe Menininha do Gantois.Com muito aché do afoxé comeram o Bispo sardinha após uma transação comercial mal sucedida envolvendo espelhinhos, apitos e vibradores de silicone. Alguns mêses depois cá aportaram minhotos degenerados por vinte gerações de casamentos consanguíneos, melhorando a genética da raça. Epur si muove.