Tuesday, November 16, 2004

Despotismo congênito

A figura mítica do centauro sempre me fascinou.O homem, animal fraco, mas inteligente, dirigindo um animal forte, porém irracional. O sábio como cérebro da força, sendo levado por ela, mas guiando-a e dominando-a. A aliança desigual do sábio com o tirano é uma concepção antiga e sedutora, que desde Platão,sempre levou a desilusões, mas parece decorrer da própria natureza das coisas, pois não desaparece. Basta ver com que presteza os filósofos, artistas e "humanistas" se acercam dos tiranos, sejam efetivos, sejam potenciais; sempre se colocando como os cérebros da máquina de músculos autoritária (é desnecessário citar nomes, mas lá vai : Heidegger, Sartre, Gorki, etc.). É como se houvessem travas que impedissem o intelectual por si só atuar na ação que suas idéias propõem, mas que desaparecem quando se trata de canalizar tais idéias para o tirano, o homem da práxis. Talvez isso seja um mecanismo subrepticio que lhe alivie a consciência da responsabilidade que demandam suas idéias, ainda não sei, mas é inquietante.

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Esta é uma página pessoal, não é banheiro público que é obrigado a aceitar qualquer dejeto que saia de orifícios semi-articulados como soi ocorrer cá no burgo palafitado.Portanto não serão publicados ataques a honorável pessoa que vos fala, tampouco ataques objetivos a outras pessoas ou que deem margem a ações judiciais , mesmo a rematados filhadaputas que por acaso os mereçam, pois meu preciso dinheirinho é suado e me enoja a perspectiva de ficar em audiências com os tipos de rábulas engravatados e togados que infestam nossas paragens.

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