Sunday, September 19, 2004

Terroristas e "intelectuais"

Antes de iniciar este texto, uma correção - no texto anterior escrevi: "..cinco letras: Beslan"- óbvio que não são cinco, mas seis letras que compõem o nome daquele triste lugar.

Dizia eu que falaria de um assunto mais nefasto do que o assassinato impiedoso de cerca de duas centenas de crianças. O que poderia ser?
Vos digo: a relativização deste fato atroz. Não por parte de fanáticos terroristas, não, isso já é esperado. Um monstro como Shamil Basayev, ou algum outro da Al-Qaeda ou do Hamas falando que guerra é guerra, ou que sendo infiéis, mesmo crianças inocentes compartilham de culpa coletiva ou qualquer outra desculpa demente qualquer, não me espanta. E mesmo eles falam tais barbaridades escondidos, pois sabem que serão punidos se forem encontrados.
Me enoja verdadeiramente é ouvir nossos denominados "intelectuais" defenderem estes atos, numa visão demoníaca da realidade. É aquele processo de enxergar tudo por um viés de luta de classes, e tudo justificar e perdoar por esta visão.Ler o texto em que o ridículo Emir Sader condena não o atentado, mas a reação do governo russo, é um daqueles momentos em que temos de nos conter para não sermos tomados pelo ódio e agirmos da mesma maneira daquele que condenamos. O dito cujo chega a se referir aos desgraçados covardes perpetradores do atentado como "terroristas", sim, com aspas, e colocar tudo como um mero cálculo; pois se os russos cometeram atrocidades na Chechênia , nada mais natural do que os chechenos trucidarem 200 russinhos ranhentos. Não Sr. Emir,essa justificativa é indecente e covarde, tal qual o uso das aspas ao se referir aos terroristas, ou a falta delas ao chamá-lo de intelectual.Bom uso delas é quando nos referimos ao Sr. como "honesto", "corajoso", "decente", "honrado".
Todos os genocidas, de todos os tempos, sempre usaram do expediente de transformarem o grupo odiado no "extremamente outro" ou "totalmente outro", com o intuito de não proporcionar aos seus seguidores a impressão de estarem matando alguém de sua própria espécie, um irmão. Mas o que fazer quando toda uma casta, na sua cegueira sanguinária, se torna ela mesma "o extremamente outro", se auto-exclui dos valores mínimos que nos permitem chamar alguém de ser humano.É difícil se controlar para não defender sua exclusão física do nosso convívio.

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Esta é uma página pessoal, não é banheiro público que é obrigado a aceitar qualquer dejeto que saia de orifícios semi-articulados como soi ocorrer cá no burgo palafitado.Portanto não serão publicados ataques a honorável pessoa que vos fala, tampouco ataques objetivos a outras pessoas ou que deem margem a ações judiciais , mesmo a rematados filhadaputas que por acaso os mereçam, pois meu preciso dinheirinho é suado e me enoja a perspectiva de ficar em audiências com os tipos de rábulas engravatados e togados que infestam nossas paragens.

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