Monday, July 19, 2004

A velhinha ninja

Li recentemente a entrevista do reitor da universidade católica da minha cidade. Na entrevista, além do blá-blá-blá pedagógico de sempre, uma coisa me chamou a atenção, o dito reitor desceu a lenha no projeto educacional do período militar (no que eu também sou crítico, mas por motivos totalmente diversos dele, como citarei mais adiante), acusando-o de doutrinador e cerceador da liberdade de expressão, citando como exemplo de doutrinação as disciplinas de OSPB e Educação Moral e Cívica. Ora, como diria o canibal,vamos por partes. Primeiramente, sobre a tal doutrinação, pode até ter havido a intenção, mas foi tão mixuruca e amador o processo, que dá vontade de rir de tal afirmação. Vejamos, pois. Estudei em escola pública de 1976 a 1984, portanto totalmente dentro do período militar. Sendo a maior parte em municípios do interior de São Paulo e Paraná, onde , na época , tanto a população quanto os professores da rede pública apresentavam um perfil mais conservador. Quase sem exceção, quem ministrava as temidas disciplinas  doutrinadoras eram as professoras de história, geralmente senhoras de mais idade em vias de se aposentar. Resultado, se o objetivo era doutrinar dentro dos princípios dos militares, posso lhes dizer que o resultado era exatamente o contrário, pois em virtude do primarismo e crueza dos textos e da falta mesmo de malícia por parte das professoras, acabava por  ter efeito contrário. Nos aguçava mais a curiosidade para saber o que era marxismo, revolução sexual, sacanear os milicos e a religião.Nos assustava mais as ameaças de secar a mão  por castigo divino, devido ao excesso de masturbação, proferidas pelo vigoroso padre napolitano que dava as aulas de catecismo na casa paroquial (de certa feita espancara com um pau de balaustre três ladrões que tentaram roubar sua residência), do que aquela velhinha encurvada e asmática anunciando os perigos do comunismo e da modernidade. Mas o que mais me espantou nas colocações do ilustríssimo reitor foi a falta de um único pio quanto a atual situação educacional, em que ostentamos a imbatível última colocação em avaliações internacionais no que se refere a capacidade de compreensão, raciocínio e expressão. Situação essa gerada pela orientação deslavada do ensino para fins ideológicos, contando para isso com o domínio de toda a máquina estatal de ensino, dos sindicatos e de quase todas as entidades não-governamentais, inclusive as de orientação religiosa (como exemplifica o nosso caro reitor acima).Em resumo, uma organização e uma estratégia enormes voltadas não só para doutrinar as crianças e jovens nos ideais de esquerda, mas para obliterar, esconder, varrer mesmo qualquer outra forma de visão que não compartilhe dos cânones coletivistas. Ante tamanho titã, me dizer que perigosa era a velhinha com artrite dos meus anos de infância, me leva a conclusão que ela tivesse terríveis poderes ocultos. seria um alien entre nós ou uma perigosa ninja em seu disfarce? Não sei, mas que ela era mais suportável que barbudinhos de boina, isso era!          

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