Sunday, November 13, 2005

O eterno retorno.

Estou lendo dois livros que me deixaram meditativo e apreensivo quanto a situação que nosso infeliz país está vivendo. O primeiro trata-se das correspondências de Carlos Lacerda desde a época do Estado Novo até o período logo após a Revolução de 64. A leitura e os comentários daquelas cartas em que um dos maiores políticos (no que pode haver de melhor na acepção de tal palavra tão maltratada ultimamente) que esse país já teve vai nos conduzindo como personagem, mas também como protagonista de momentos decisivos da nossa história, dos quais resultaram muita coisa ruim que nos atormenta até hoje.Me espanta a similaridade de situações com a que vivemos hoje, em que os fatos escancaravam o porvir, mas como numa maldição, tomávamos sempre o pior caminho.Se teve alguns acessos de golpismo, isso foi passaeiro e secundário na biografia de Lacerda, o homem era um democrata, no sentido concreto desta palavra. Através de suas cartas podemos ver que de lá para cá a única coisa que mudou foi o outro lado(o anti-democrático), pois nunca houve uma quadrilha organizada tão cara-de-pau, com tamanho poder de fogo e de compra de consciências e com uma quantidade tão grande de idiotas totalitários e pretenciosos como essa do PT.Já a centro-direita daquela época era tão pródiga quanto hoje em sujeitos pulsilânimes, aproveitadores e idiotas úteis.Dá para coroar de razão o velho General de Gaulle quando disse que este não era um país sério.Já o segundo livro exacerba em mim um misto de medo e de nojo que sinto quando vejo os próceres petistas falarem nas CPIs e nas entrevistas."Eichman em Jerusalém" da filósofa judia-alemã Hanna Arendt.Perspassando o julgamento deste membro da SS, sequestrado na Argentina em 1960 pelo serviço secreto de Israel e levado à corte no ano seguinte, Hanna nos faz compreender o que ela chamou de "a banalização do mal", pois todos esperavam encontrar em Eichman o monstro frio e calculista, o idealista, no sentido hegeliano, do domínio alemão, pois afinal fora ele um dos homens responsáveis pelo sistema de transporte e distribuição dos judeus para os campos de extermínio.No entanto o que vemos no desenrolar do julgamento é um homem apagado e limitado, não raro beirando a mediocridade.Sua história como a de tantos outros nazistas é a da incapacidade de progredir intelectual e espiritualmente como indivíduo, de somente se sentir alguém quando inserido na máquina coletiva, do incorporar como verdade as racionalizações mais estapafúrdias de mentiras ululantes, do não assumir seus atos, da diluição das responsabilidades na entidade abstrata "Movimento da História"com seu finalismo niilista.Novamente quando vejo os discursos e as desculpas esfarrapadas dos petistas e das viúvas do comunismo em geral não posso deixar de enxergar Eichman.Até o uso inadequado da língua e da profusão de clichês que caracterizavam o réu servem para compor paralelos.Eu vejo inexorávelmente ligado ao PT e aos propugnadores do chamado "socialismo democrático" (um vocábulo que se auto-anula em virtude da incompatibilidade de seus termos) o vírus incubado do totalitarismo. E chego a conclusão que daí para o genocídio é apenas uma questão cojuntural.E isso me deprime.

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Esta é uma página pessoal, não é banheiro público que é obrigado a aceitar qualquer dejeto que saia de orifícios semi-articulados como soi ocorrer cá no burgo palafitado.Portanto não serão publicados ataques a honorável pessoa que vos fala, tampouco ataques objetivos a outras pessoas ou que deem margem a ações judiciais , mesmo a rematados filhadaputas que por acaso os mereçam, pois meu preciso dinheirinho é suado e me enoja a perspectiva de ficar em audiências com os tipos de rábulas engravatados e togados que infestam nossas paragens.

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